Ao ouvir o refrão da música de Bezerra da Silva, imediatamente me veio uma palavra à cabeça: congresso.
E o mais engraçado é que você, o nosso amigo, o dono do bar, o professor da escola, o cara que faz a música, o cara que pintou a casa do vizinho, o entregador de pizza, e até alguns que vivem no meio político, pensam o mesmo. Todos. Salvo raríssimas exceções, na maioria delas, os próprios congressistas.
Você já parou para pensar o porquê?
Simples, a partir do momento que você clica na teclinha verde de confirma, você perde total controle sobre o seu voto. No atual sistema de eleição brasileiro, muito elogiado pelo uso das urnas eletrônicas (confiáveis, mas que não emitem “comprovantes”, e por isso, são confiáveis apenas até que se prove o contrário), mas que quando você escolhe o seu candidato, automaticamente você dá um voto ao partido ao qual este pertence. Aí mora um dos problemas. O partido faz uma listagem enumerando do primeiro ao último candidato dentro do partido que vai receber os votos que faltam para ser eleito do seu partido. Por exemplo, se o numero mínimo de votos para consagrar-se eleito é de 500 votos, e um partido recebe 2000 votos em sua legenda, e apenas um candidato recebe 500 votos, significa que o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, e até onde for possível, serão eleitos sem a vontade popular. Serão eleitos por vontade partidária, e a partir daí, os interesses mudam.
Você sabia que dos 513 (quinhentos e treze) deputados, apenas um punhado de trinta e poucos conseguiram se eleger com os próprios votos?
Onde está o seu voto? Já que você votou em um candidato que não foi eleito com a cota mínima de votos próprios? Você já parou para pensar?
No sistema brasileiro de contagem de votos, exige-se um número mínimo de votos para que um candidato seja eleito. Como pouco dos 100% das vagas são preenchidas dessa maneira, a maioria das outras ficam vagas para o partido decidir quem é eleito. Falando a grosso modo, é bem isso o que acontece. Imaginem que o mais novo presidente da câmara dos deputados foi eleito em, adivinha.., posição número.., tan-tan-tan-tan..!!, 513! Isso mesmo, último colocado na corrida de “dicks vigaristas”..!! O presidente da câmara foi eleito com votos dos outros! Onde está a representação popular nessa brincadeira?
O mesmo acontece nas casas legislativas estaduais, e municipais. Não estou dizendo que isso acontece em todas as cidades, mas em grande parte delas sim. Sabe por quê?
Por que você votou no seu primo que se candidatou só porque é conhecido no bairro, sem nunca ter feito algo socialmente proveitoso, e os vinte e poucos votos dele, inclusive o seu, foram para a legenda do partido, que foram para os indicados do partido, que normalmente tem mais poder, que normalmente tem interesses diferentes do seu.
Por que sua tia votou no Frank Aguiar só por que ela gosta da música (de gosto duvidoso diria) dele que nunca prestou serviço ao povo brasileiro. Pensemos no exemplo anterior. Se ele precisava de 500(quinhentos) votos, mas recebeu 5000 (cinco mil), uma grande parte desses votos serviu para eleger Renans, Silvios Costas, Malufs, Temers, Sarneys…
Por que a Veja, a Folha, o Estadão, a Globo, a Record e os outros meios de comunicação de massa não discutem temas como esse, como discutiram, e por conseqüência, pressionaram e fizeram as pessoas pensarem na questão vergonhosa das passagens aéreas?
Por que não discutimos isso em casa, no bar, na academia, no trabalho?
Por que não criamos maneiras de pressionar o congresso a atender os NOSSOS interesses e não os deles? Como a população, no passado criou a lei contra a compra de votos, e após abaixo assinado com 1 milhão de assinaturas, o congresso teve que engolir goela a baixo e aprová-la devido a pressão popular? A mesma pressão popular que lotou as caixas de emails dos eleitos com mensagens de repúdio a farra das passagens aéreas. A mesma pressão popular do carteiro que disse ao Deputado Silvio Costa que vai trabalhar todos os dias com passe de ônibus dado pela empresa, mas a sua mulher paga do bolso, dando uma lição moral no engravatado.
Pressão popular, de que maneira você exerce a sua? Ou você não a exerce?
O brasileiro sempre teve uma indole honesta. Não sei se por criação ou religião. Será! Tudo é lindo; muito bem, más não é bem assim. Não sou alienada, é só acompanhar as noticias na midia para ver que “existe algo de podre no reino”. Todo dia é um escandalo atrás do outro.Ninguém se incomoda mais. Mas me pertuba muito ver o cinismo e as piadas do nosso presidente. SO nos resta cantar “Se gritar pega ladrão não fica um meu irmão…”