… tudo como sempre foi. Um partido dá uma ajudinha aqui, e recebe outra ali, e assim se perpetuam no poder enquanto ‘se lixam’ para a tal opinião pública. Esse deve ser o jogo mestre de todos os jogos políticos. É impressionante quando prestamos atenção (de verdade) nas notícias, como é fácil perceber isso.
Governo nomeando parceiros “suspeitos” para cargos de confiança e ministérios. Congressistas da situação votando em antigos desafetos para cargos eletivos da casa, para tornar possível a governabilidade do seu partido/coligação. Partido protegendo partido para numa próxima também receber ajuda. As melhores posições nas CPIs sempre ficam com as maiorias partidárias, quando o ideal seriam nomeações por merecimento, que faria com que todos os congressistas tivessem a mesma ‘voz’. Tudo isso debaixo de nossos narizes que se negam a sentir o cheiro dos ‘acordões’.
O último acordão que tive notícia voltou às manchetes essa semana, quando integrantes do PSOL deram notícia de que tinham em seu poder provas do caixa dois de Yeda Crusius, atual governadora do Rio Grande do Sul. Afirmam que tais provas comprovam que Yeda, através de seu marido, teria recebido ilegalmente R$ 400.000,00 de duas empresas da indústria do tabaco, a CTA Continental Tabaco Alliance e a Alliance One Brasil Exportadora de Tabaco, e teria inclusive desviado uma quantia para um ‘caixa 3’, esse para uso particular na compra de uma pequena mansão para a família Crusius. Vale lembrar que essas mesmas empresas do tabaco financiaram metade dos gastos de campanha do Deputado Federal do PTB-RS, Sergio ‘estou me lixando para a opinião pública’ Moraes.
Mas o foco da coluna dessa semana são os jogos políticos, que driblam CPIs, ignoram denúncias da imprensa, acusações e até provas materiais, como o acordão entre PDT e PSDB. O PDT não queria que Paulinho da Força fosse condenado no caso dos empréstimos do BNDES, e conseguiu. Conseguiu com ajuda do PSDB que agora recebe em troca ajuda no caso Yeda, já que PT e PCdoB querem CPI no governo gaúcho. O maior interessado seria Tarso Genro, provável candidato do PT para a próxima eleição. E o PMDB? Onde entra nesse ninho de cobras? O PMDB, parceiro do governo federal não assinou a CPI, pois quer eleger Fogaça.
Este é um pequeno exemplo de como o nosso sistema eleitoral está falido e fadado aos ‘acordões’. Temos um sistema bi polarizado entre o discurso de PT e PSDB, que se digladiam na disputa pelo poder enquanto demais partidos servem como aliados de um ou de outro, dependendo de interesses, e não de ideologias políticas.
Sobram partidos, faltam alternativas. Não podemos nos prender a idéia de que uma reforma política será a solução de todos os problemas. Ela é importante, mas não é tudo. Precisamos de uma “reforma de ideologias”, pois dispomos de dois modelos de Estado: um que obriga o Estado a ligar-se a empresas para poder atender as necessidades de investimentos sociais; e outro onde as empresas desejam menores impostos e menos mecanismos de controle, estrangulando a capacidade criativa do povo.
Precisamos pensar um novo modelo de Estado que valorize a capacidade criativa que surge em pequenas empresas, cooperativas, fundos de quintais, etc. Precisamos de um Estado que invista na instrumentalização da cadeia produtiva criativa que brota a todo o momento em todos os cantos desse país, pois só assim esse mesmo Estado vai conseguir ser livre das grandes corporações.
Precisamos de um Estado que estude um novo modelo educacional que inclua na grade curricular ciências como a filosófica, a antropológica e a sociológica, pois apenas desta maneira iremos formar seres capazes de pensar. Precisamos de um novo Ensino Médio que seja dividido em dois focos complementares entre si: o foco tradicional sem decoreba; e o foco técnico que desenvolva habilidades pessoais referentes às aptidões econômicas de cada região. E ainda falta o principal: é urgentemente necessária uma padronização nacional do ensino.
Estes são os grandes desafios dos próximos governos, mas talvez (entenda-se: com certeza) esses desafios não serão valorizados pela vontade política atual. Para nós, povo, fica a missão de criar e apoiar uma nova coalizão nacional em favor do país atendendo a interesses populares, não político-partidários. Para nós, fica a missão de sair às ruas e mostrarmos que quem deve mandar no Brasil são os brasileiros honestos. Só os honestos.