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Querem acabar com a única emissora que te faz pensar

Do blog do Luis Nassif Online

O Movimento salve a TV Cultura

 

Movimento Salve a Rádio e TV Cultura reúne-se na próxima quinta-feira (dia 12)

Na próxima quinta-feira (dia 12), a partir das 19h30, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo realiza, no auditório Vladimir Herzog (rua Rego freitas, 530 – sobreloja) reunião com todas as pessoas e entidades da sociedade civil que pretendam se aliar ao MOVIMENTO SALVE A RÁDIO E TV CULTURA, que será criado durante o encontro. Várias entidades já iniciaram movimentos de preservação da RTV Cultura e o que se pretende é criar um espaço para que todas as iniciativas sejam unificadas.

O MOVIMENTO SALVE A RÁDIO E TV CULTURA será amplo, plural e apartidário, composto por todos aqueles que pretendem resistir às (más) intenções do governo de São Paulo e do presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, de liquidar com a única emissora pública de São Paulo e demitir cerca de 1.500 funcionários, entre jornalistas, radialistas e setor administrativo. As adesões aoMovimento podem ser realizadas pelo email salvertvcultura@sjsp.org.br .

Pela criação do Movimento Salve a Rádio e TV Cultura

Rádio e TV Cultura: Uma crise institucional

Há duas décadas sob crises financeiras periódicas, que variam de duração e intensidade conforme a “vontade” do governo estadual de liberar recursos, a TV Cultura vive agora sua primeira crise institucional e de identidade em 40 anos de funcionamento. Efeito dos dois primeiros meses da errática administração do economista João Sayad na presidência da Fundação Padre Anchieta.

Conduzido ao cargo por um processo político constrangedor, com apoio governamental que atropelou o acordo de reeleição do presidente anterior, João Sayad não só protagonizou método intervencionista novo na história da troca de comando na Fundação Padre Anchieta como também se apresentou como o encarregado de um projeto casuístico destinado a resolver os problemas financeiros da entidade através da amputação orgânica da Instituição.

Plantou com isso a raiz de uma crise que assume contorno institucional uma vez que a proposta confunde e busca mudar a natureza da Instituição, cria uma dúvida de identidade que nunca houve, e coloca em risco o patrimônio material e imaterial da Emissora, ao desconsiderar os fundamentos que deram origem e vida à TV Cultura.

É preciso lembrar, em voz alta, que a TV Cultura não é um órgão público da administração direta do governo do Estado de São Paulo. Não é autarquia. Não é secretaria estadual. Não pode nem deve responder a regras do poder. Não pertence ao Governo. Pertence ao público de São Paulo, posto que é Emissora Pública, de interesse público. Não pode ser desfeita, não pode ser adulterada por simples vontade ou “implicância” de sua diretoria executiva. Tem estrutura jurídica específica, é supervisionada por um Conselho Curador que, por única razão de existir, é o representante da sociedade civil na Fundação. E a vontade da sociedade civil precisa ser consultada.

A TV Cultura tem problemas e eles resultam de acúmulos de erros administrativos e de um modelo de gestão vazio e descontinuado, fruto do cíclico apoderamento político da Emissora nos últimos vinte anos. Não foi o “conteúdo” da programação da Emissora o causador desses problemas. Mas a má gestão contábil, que precisa ser corrigida dentro de seus limites, sem prejuízo do caráter educativo, social e cultural da TV Pública Paulista, de seu funcionamento, de seu passado de realizações, de seu significado na memória paulista. Não basta a atual administração fazer o uso repetitivo da reafirmação desse caráter. Qualquer projeto novo deve explicitar compromisso claro com a missão, vocação e aptidão da Emissora para a formação de cidadãos, para a oferta de conteúdos que se contraponham à programação homogeneizada das emissoras comerciais, atreladas às regras do mercado. Só uma TV pública é capaz de tratar o telespectador como cidadão, e não como consumidor. Preceito que ainda não foi compreendido e assimilado pela nova administração da Fundação Padre Anchieta.

Como é possível imaginar uma TV Cultura reduzida a uma “administradora de terceirizados”, trocando sua produção própria, trocando sua capacidade específica de formular programação de TV pública por conteúdos de produtoras independentes que em geral buscam nas regras do mercado a qualificação para a venda de seus produtos?

O desafio de João Sayad vai muito além da contabilidade. E muito além de sua visão pessoal e particular do que é “chato”, do que fica e do que deve sair da programação da Cultura. Não é agora, mas sempre, que uma emissora precisa se “renovar”. Se ela – no dizer de Sayad – “perdeu audiência, qualidade e se tornou cara e ineficiente”, qual é, explicitamente, a fórmula, o projeto que a atual administração tem para a TV Cultura “ganhar audiência, qualidade e se tornar barata e eficiente ” ?

Quais programas -mais baratos e eficientes – se pretende oferecer a crianças, a jovens, a jovens adultos, e ao respeitável público em geral? É entretenimento? É educação? É complementação cultural? Quais seriam esses conteúdos e seus formatos? Quem virá a público detalhar e esclarecer isso?

O ” Movimento Salve a TV Cultura” não se ergue para defender o emprego dos funcionários da Emissora, ameaçados de demissão em massa. Isso é tarefa sindical.

A defesa que se embute aqui é a da missão e do legado da TV pública paulista, de seu significado sócio- cultural, de manutenção de uma TV alternativa que reflita viés humanista de vida e de mundo em sua programação.

O Movimento surge como teia espontânea de uma rede social multiplicadora entre funcionários, ex-funcionários, telespectadores, artistas, intelectuais, setores ligados à produção de pensamento e de cultura. E que já articula com os Sindicatos dos Radialistas e Jornalistas de São Paulo, personalidades políticas e da vida cultural, institutos e entidades afins, a ABERTURA DE UM DEBATE PÚBLICO em defesa da idéia original da Instituição TV Cultura.

A troca inicial e pública de reflexões sobre a TV Pública Paulista tem, como alvo principal, a cúpula administrativa da Emissora e seu Conselho Curador, instância superior que deve proteger os destinos da Emissora e que tem sido omisso nesse papel . A eles devem ser dirigidas, inicialmente, – através do site da TV Cultura e seus contatos disponibilizados- reflexões, críticas e propostas de retomada de princípios e rumos que administradores perdem de vista diante do recurso fácil do corte de custos e do desmanche.

O Movimento busca criar junto a sociedade civil as premissas que serão reunidas e organizadas para dar base a esse necessário debate público.

Movimento Salve a Rádio e TV Cultura

Do Blog vi o mundo:

“Pedro Saraiva: Veja aposta na amnésia dos leitores

por Pedro Saraiva

Impossível ler o semanário da elite conservadora e não se lembrar do “1984″ de George Orwell. Para quem ainda não o leu, o excelente livro, que ironicamente inspirou um dos mais lamentáveis programas de TV, o Big Brother, conta a história de um regime totalitarista que mantém sua vasta população completamente alienada através de atos como eliminar notícias, livros e documentos com informações do passado que possam ser constrangedoras para o “Partido” no presente, reescrevendo-os de modo a que se “adaptem” a nova realidade.

Na era da internet, apagar informações é impossível, mas a Veja arranjou um modo de criar a sua própria versão do “duplipensar”. Nem é preciso voltar à década de 1980 quando a revista fez ampla campanha pelo “Caçador de Marajás” para, tempos depois, descartá-lo como se não tivesse passado os últimos anos elogiando o jovem Governador de Alagoas. Basta olharmos para os últimos 3 anos e vamos encontrar indícios de que o semanário apresenta uma completa ausência de compromisso com o que escreve. Três exemplos simples:

1- Denise Abreu, a charuteira, mentirosa e oportunista da edição de 29.08.2007 virou testemunha acima de qualquer suspeita contra a então Ministra Dilma no caso da venda da Varig. Mesmo sem mostrar uma única prova, virou estrela da revista.

2- O promotor José Carlos Blat que em 15.02.2006 era tratado como promotor corrupto associado ao contrabandista chinês Law Kin Chong, virou o promotor herói do caso Bancoop ao investigar supostas doações ilegais à petistas.

3- O Ex-governador do DEM José Roberto Arruda era tratado em 15.07.2009 como governador modelo: moderno, honesto e bom gestor. Elogios, aliás, que foram frequentes em mais de um edição da Veja, já visando sua indicação ao posto de vice-presidente na chapa com José Serra. Depois da sua prisão pela Polícia Federal, desprezo completo pelo ex-aliado e silêncio sobre os elogios anteriores.

Pois hoje, ao procurar saber o que a revista teria preparado sobre o deputado Antônio Pedro Indio da Costa, descobri mais uma “adaptação” do passado. Diz a revista, agora em 30.06.2010, que Indio apenas namorou a filha do banqueiro Salvatore Cacciola, e que o inocente affair terminou no ano de 2000. Rafaella Cacciola era apenas mais uma na sua imensa lista de namoradas. O problema é que a mesma Veja, em 11.04.2001, não só mostrava que o casal ainda estava unido, como afirmava que eram casados e estavam de mudança para o Leblon. Em quem acreditar? Na Veja de 2010 ou na Veja de 2001?

Apenas alguns exemplos de como funciona a principal revista da Editora Abril. Para quem a assina, pouco importa se a guerra de hoje é contra a Eurásia ou a Lestásia, o importante e seguir repetindo ad nauseam o discurso do Grande irmão. Porém, para quem tem mais de 2 neurônios, essas alterações da História, além de beirarem o ridículo, não são nada originais.

Em tempo: quem imaginaria ver a Veja defendendo Indio?”

Piritubão, um negocião!

O Brasil tem em suas mãos uma oportunidade única de enfrentar e questionar as nações sobre tanta vista grossa até agora. Os Jogos Olímpicos em 2016 e a Copa do Mundo em 2014 podem consumir muito dinheiro público se nada for feito. Este é um tema que deve sim ser discutido já nas eleições deste ano, antes que seja tarde. Os planos já estão aí via DEM de Kassab e PSDB de Serra na cidade de São Paulo. 

Estes eventos devem trazer desenvolvimento e visibilidade ao Brasil, não assaltos aos cofres públicos para as máfias que comandam a FIFA, COI, COB e CBF. 

Do Portal Luis Nassif Online:

Como entender o escândalo do Piritubão

Enviado por luisnassif, dom, 27/06/2010 – 19:28

 

Do Estadão

 

A ginga perfeita dos donos da bola – suplementos – Estadao.com.br

 

A Fifa controla o dinheiro, marca os adversários e dribla a Justiça

Flavia Tavares, de O Estado de S. Paulo

Um dos escândalos relatados por ele em 2006, no livro Foul! The Secret World of Fifa (não traduzido no Brasil), teve um desfecho na sexta-feira. Altos dirigentes da organização máxima do futebol receberam propina, admitiu a Justiça suíça. Mas eles não serão punidos porque a lei do país, que é sede da Fifa, permitia o “bicho” na época.

Os figurões pagarão apenas os custos legais e suas identidades não serão reveladas. “É por isso que meu segundo livro sobre o tema será uma comparação da Fifa com o crime organizado”, conta. Ele optou por publicar a obra depois das eleições na entidade, em maio de 2011, embora duvide que alguém vá enfrentar o dono da bola, Joseph Blatter. “Ninguém ousa desafiar a Fifa porque eles controlam o dinheiro. E a imprensa cala”, dispara Jennings.

Nas investigações sobre a Fifa, o que o senhor descobriu?
A Fifa é comandada por um pequeno grupo de homens – não há mulheres em altos postos da entidade e isso fala por si – que está lá há muitos anos. São homens em quem não devemos confiar e contra quem temos provas contundentes. Eles podem continuar no poder porque controlam o dinheiro. E tornam a vida dos dirigentes das confederações nacionais muito boa e fácil. Fico envergonhado porque ninguém se manifesta contra esse poder.

Como os dirigentes se manifestariam?
Zurique, sede da Fifa, é uma Pyongyang do futebol. O líder fala e os outros agradecem. Numa democracia é esperado que haja discordância, oposição. Na Fifa, não há. Eles têm um congresso a que, ironicamente, chamam de parlamento. São cerca de 600 delegados – acho que são 2 ou 3 por país representado, e são 208 países. Se você chegasse de Marte acharia que o mundo é perfeito, porque todos concordam. É vergonhoso. Nisso, a CBF é tão culpada quanto todas as outras confederações.

Que instrumentos a Fifa usa para manter esse poder?
A Fifa dá cerca de US$ 250 mil por ano para cada país investir em futebol. Na Europa, não precisamos desse dinheiro. A indústria do futebol fatura o suficiente para se alimentar. Mas é uma forma de a Fifa se manter. Esse dinheiro nunca é auditado. Na Suíça, a propina comercial não era ilegal até pouco tempo, apenas o suborno de oficiais do governo. O caso que eu conto no meu livro é justamente sobre um esquema de propinas pagas pela International Sport and Leisure (ISL), empresa que negociava os direitos televisivos e de marketing da Fifa. A história é cheia de detalhes, mas no final a ISL só foi responsabilizada pelo fato de gerenciar mal seus negócios enquanto devia para outras empresas.

Não houve punição?
Como eu disse, o pagamento de propina não era ilegal na Suíça. Portanto, não havia crime a ser punido. As acusações contra a Fifa foram retiradas e a entidade foi multada em 5,5 milhões de francos suíços (cerca de US$ 5 milhões) para custos legais.

Por que os governos não se envolvem ou a Justiça não faz algo?
Porque a sede da Fifa é na Suíça e a lei lá é muito permissiva. Para outros países, é inaceitável que esses homens se safem tão facilmente e que os altos dirigentes riam da nossa cara desse jeito. O que me deixa enojado é que os líderes dos países – o primeiro-ministro britânico, o presidente Lula e todos os outros – façam negócio com essas pessoas. Eles deveriam lhes negar vistos, deveriam dizer que não querem se relacionar com dirigentes tão corruptos. E tenho certeza de que, se os governantes se voltassem contra a corrupção da Fifa, teriam apoio maciço dos torcedores/eleitores.

Por que todos são tão complacentes?
Suponhamos que você seja uma torcedora fanática pelo seu time. Você vai à Copa do Mundo, mas como sempre há escassez de ingressos. Você então compra suas entradas de cambistas, mesmo sabendo que parte desse ágio vai voltar para o bolso da Fifa, já que ela é suspeita de liberar esses ingressos para os ambulantes. Você não pode provar, claro, mas você sabe. As pessoas não são estúpidas. Os governos menos ainda, eles podem investigar o que quiserem. Mas não investigam a Fifa porque os políticos simplesmente ignoram os torcedores. É o que já está acontecendo com a Copa de 2014. Qualquer brasileiro com mais de 10 anos sabe que a corrupção já está instalada. Por que ninguém faz nada?

Por quê?
É difícil saber. Se um país relevante enfrentasse a Fifa ela recuaria. Ou você acha ela excluiria o Brasil de uma Copa? Eles conseguem enganar países pequenos, esquecidos pelo mundo. Mas, se o Brasil dissesse não à corrupção, provavelmente a América Latina se uniria a vocês. E você acha que esses líderes latino-americanos nunca discutiram a possibilidade de um levante, de fazer o que os europeus já deveriam ter feito há tempos? Acho que lhes falta coragem.

O Brasil tentou fazer uma investigação, por meio de uma CPI.
Tentou e foi ao mesmo tempo uma vitória para o país e uma grande decepção, porque pararam de investigar no meio. O povo vai ter de pressionar os políticos a fazer algo. É realmente uma pena que o Brasil tenha chegado tão longe na investigação e tenha desistido no caminho. Havia provas para seguir em frente, para tirar a CBF das mãos do Ricardo Teixeira e, quem sabe, colocar auditores independentes lá dentro. A Justiça também poderia ser mais ativa. Por mais que eles tenham comprado alguns juízes, não compraram todos, certamente.

Sabendo de tudo isso o senhor ainda consegue curtir o futebol, se divertir com ele?
Sim, porque a corrupção não está tão infiltrada nos jogos, embora chegue a essa ponta também. Ela fica mais nos bastidores. Há exceções, como na Copa de 2002, em que a Espanha e a Itália foram roubadas grotescamente. Era importante para a Fifa que a Coreia do Sul passasse adiante. Não foi culpa dos jogadores, mas as razões políticas e econômicas se impuseram. Na Coreia, o beisebol é mais popular do que o futebol. Se eles fossem desclassificados, os estádios se esvaziariam. Neste ano, todos ficaram de olho nos jogos de times africanos. Blatter também precisa de um time do continente nas oitavas. A questão é que, quando assistimos às partidas, assistimos aos atletas, ao esporte, então, é possível confiar. É fácil punir um árbitro corrupto e a maioria não é corrompida.

Então, a corrupção não interfere tanto no esporte?
Cada centavo que os dirigentes tiram ilicitamente da Fifa ou das organizações nacionais é dinheiro que eles tiram do esporte e de investimentos. Portanto, estão desviando de nós, torcedores, e dos atletas que jogam no chão batido em países subdesenvolvidos. Eles tiram dos pobres.

É possível para os jogadores, técnicos e dirigentes se manterem distantes da corrupção no futebol?
Bom, o dinheiro normalmente é tirado do orçamento do marketing, não afeta jogadores e técnicos dos times nacionais. Uma coisa interessante é o comitê de auditoria interna da Fifa. Um dos membros é José Carlos Salim, que foi investigado muitas vezes no Brasil. Por que você acha que ele está lá? Para fingir que não vê.

A corrupção no futebol começa nos clubes e se espalha ou vem de cima para baixo?
Sempre haverá um nível de roubalheira em todas os escalões. Para isso temos leis e, às vezes, conseguimos aplicá-las. Mas a pior corrupção está na liderança mundial. Quase todos os países assinam tratados internacionais anticorrupção, mas não fazem nada quanto aos desmandos da Fifa e do COI. E, quando algum governante tenta ir atrás de dirigentes de futebol corruptos, a Fifa ameaça suspender o país. Só que ela faz isso com os pequenos. Fizeram isso com Antígua! Suspenderam o país minúsculo que ousou processar o dirigente nacional. Ninguém falou nada. Eu escrevi sobre isso porque tenho fãs lá que me avisaram do caso.

O senhor se sente uma voz solitária na imprensa?
Não confio na cobertura esportiva das agências internacionais. Em outras áreas elas são ótimas. Não no esporte. É uma piada. Apresento documentários com denúncias graves sobre a Fifa na BBC, num programa de jornalismo investigativo chamado [ITALIC]Panorama[/ITALIC], e dias depois a BBC Sport faz um programa inteiro em que Joseph Blatter apresenta alegremente a nova sede da Fifa em Zurique.

O senhor acompanhou a briga do técnico Dunga com a imprensa brasileira?
Não vou comentar o episódio porque não acompanhei de perto. Posso dizer que a imprensa inglesa e a da maioria dos países é puxa-saco. E sem razão para isso. A desculpa é que os editores têm medo de perder o acesso às seleções e à Fifa. Bobagem. Ora, eu fui banido das coletivas da Fifa sete anos atrás e ainda consegui escrever um livro e fazer várias reportagens. A imprensa deve atribuir as responsabilidades às autoridades. Se não fizer isso, é relações públicas. Tenho milhares de documentos internos da Fifa que fontes me mandam e não param de chegar. Por que só eu faço isso?

A cobertura se concentra mais no evento esportivo em si e nas negociações de jogadores?
Exato, também porque a chefia das redações tende a se concentrar nos assuntos de política nacional, internacional e na economia e deixar o esporte em segundo plano.

O que o senhor espera da Copa no Brasil, em 2014?
Há algumas semanas, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, deu um piti público cobrando o governo brasileiro para que acelerasse as construções para a Copa. Estranhei muito, porque não imagino que o governo brasileiro se recusaria a financiar uma Copa. Vocês são loucos por futebol, estão desenvolvendo sua economia, têm recursos e podem achar dinheiro para isso. Uma fonte havia me dito que Valcke e Ricardo Teixeira tinham tirado férias juntos, estavam de bem. Então, o que está por trás dessa gritaria? É pressão para o governo brasileiro colocar mais dinheiro público nas mãos da CBF. Mundialmente, as empreiteiras têm envolvimento com corrupção. Dá para sentir o cheiro daqui.

Três de seus livros são sobre as Olimpíadas. As falcatruas acontecem em qualquer esporte ou são predominantes no futebol?
Sou cuidadoso ao falar disso. Sei que a liderança da Fifa é muito corrupta – e venho publicando isso há mais de dez anos sem que eles tenham me processado nem uma vez sequer, o que diz muito. O COI era muito pior sob o comando de Juan Antonio Samaranch (morto em abril deste ano), que presidiu a entidade de 1980 a 2001. Ele era um fascista e o fascismo é, além de tudo, uma pirâmide de corrupção. Samaranch trabalhou ao lado do generalíssimo Franco. Essa cultura franquista e fascista se transformou em uma cultura gângster.

A corrupção no COI diminuiu com a saída de Samaranch?
Vou ilustrar com uma história. No meu site publiquei uma foto de Blatter cumprimentando um mafioso russo, em 2006, em um encontro com dirigentes do país. O russo foi quem fez o esquema em Salt Lake, na Olimpíada de Inverno de 2002, para que os conterrâneos ganhassem o ouro em patinação artística. Pois bem, Blatter, Havelange e muitos outros da Fifa são parte do comitê do COI. Essa é a dica de como a Rússia está agindo para sediar a Copa de 2018.

Foi assim que o Brasil conseguiu a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016?
Na votação em Copenhague, que deu a sede olímpica para o Rio de Janeiro, o nível de investigação jornalística foi ridículo, só víamos a praia de Copacabana com o povo feliz. Há um grupo no COI que já foi denunciado por receber propina no escândalo da ISL – e quem acompanha a entidade sabe quem eles são. Os dirigentes dos países só precisam pagar umas seis ou sete pessoas para conseguir o voto. Existe, com certeza, uma sobreposição entre os métodos da Fifa e do COI. Mas a cultura das duas entidades não é tão estrita quanto à de uma máfia, é mais como se fossem máfias associadas, apoiadas umas nas outras. Coca-Cola, redes de fast-food, Adidas, você acha que essas companhias não sabem o que está acontecendo? Eles não são estúpidos. A cara de pau é tamanha que Jacques Rogue, presidente do COI, disse em Turim, em 2006, que o COI e o McDonald’s compartilham os mesmos ideais. Será que ele não sabe quanto a obesidade infantil é um problema gravíssimo em vários países? Ou faz parte do jogo ceder a esses interesses?

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Hoje, ao ler um post no Blog do Noblat, me deparei com a constatação de um argumento que sempre vejo nos debates sobre privatização de empresas exploradoras de recursos naturais, o investimento em pesquisas para novas explorações como aconteceu com o pré-sal. Fica muito claro que, se a Petrobrás tivesse sido privatizada, o capital internacional que a dominasse nunca iria enfrentar uma pesquisa trabalhosa e arriscada como as pesquisas do pré-sal. Caras, inovadoras e com grande risco de um tiro no pé, mas que se bem feitas, resultam em enormes avanços ao país. Como já resultou.

Uma empresa internacional, exploraria o que já está encaminhado e utilizaria os lucros para investir em pesquisas muito mais baratas em exploração de petróleo na Venezuela, na África, etc e tal. E para esses lugares rumaria, após secar nossas reservas de petróleo já descobertas. Em outra hipótese, faria uma parceria com uma empresa inglesa irresponsável qualquer, que viria aqui explorar o petróleo em alto mar, com grandes chances de uma nova catástrofe como a do Golfo do México.

Fico imaginando aqui com meus botões, qual seria a condenação, caso um acidente das mesmas proporções fosse causado pela Petrobrás. A mídia, lambedora de sapatos imperiais, adoraria se lambuzar em óleo para divulgar ao povo brasileiro, e a quem quisesse ouvir, que o Brasil deveria é continuar sendo um país de terceiro mundo refém dos mandos e desmandos das organizações internacionais controladas pelo primeiro mundo.

Mas essa é uma outra história. Esse post aqui é pra mostrar que o capital internacional está “pouco se lixando” – como diria um nobre deputado sobre a opinião pública – para o desenvolvimento do Brasil. Pois bem, temos a Vale privatizada por FHC/Serra, uma das maiores mineradoras do mundo, explorando nosso subsolo a sua maneira, a todo gás, e com investimentos em pesquisas insignificantes. No post que reproduzo a seguir, vemos que alguns minérios estão em vias de esgotamento, sem que se tenha encontrado novas áreas alternativas para exploração. Onde será que o capital comandante da Vale está investindo em pesquisas? No Brasil é que não é!

Deu em O Globo

País perde corrida na mineração

Em novas áreas de exploração, Brasil fica atrás de Chile e Peru, além de Canadá e Austrália

Gustavo Paul

À margem do interesse envolvendo as descobertas de petróleo no pré-sal e a construção de hidrelétricas, as pesquisas por novas áreas de exploração no setor de mineração brasileiro vêm interessando menos os investidores nacionais e estrangeiros.

Nos últimos anos, a incerteza diante das regras do setor e o pouco avanço nas pesquisas geológicas estão fazendo o Brasil perder terreno para vizinhos como Chile e Peru e ficar bem distante de concorrentes de peso, como Canadá e Austrália.

Sem novas áreas de exploração, o setor mineral está consumindo o que já é conhecido, em níveis recordes. Os investimentos apontam cifras inéditas: podem chegar a US$ 54 bilhões, de 2010 a 2014, para produzir quase cem minerais diferentes.

O valor da produção mineral deve alcançar US$ 30 bilhões este ano, cerca de US$ 6 bilhões a mais do que no ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

O consultor Luciano de Freitas Borges, ex-secretário de Mineração do Ministério de Minas e Energia, adverte que não ocorrem descobertas de grande porte no Brasil há vários anos.

É o que constata o Ibram: dos 52 grandes depósitos minerais descobertos até hoje no Brasil, apenas três (5,7%) foram encontrados depois de 1988.

— A reposição das reservas brasileiras de cobre e ouro, por exemplo, já está aquém do nível de expansão da demanda. Sem novas opções, a médio e longo prazos, a perspectiva é estagnar a produção e depois vê-la decair — alerta Borges, ressaltando que a exceção são as reservas de ferro, suficientes para cerca de 400 anos.”

E tem gente que ainda acha que a privatização é o ó do borogodó.

Ponto de Mídia Livre

#DormeComEssaEntaum

Pá..!!

Heheheheh…

Modelo Imperial

Sempre que debato sobre privatizações ouço argumentos a favor relatando a eficiência dos serviços privados, a falta de capital da estatal no período pré-entreguista, a falta de empenho dos servidores públicos e os investimentos injetados pelo setor privado depois de ganhar o direito de explorar um setor que antes era da nação, e não apenas de uma empresa/grupo.

O que eu sempre tento argumentar, e muitas vezes não sou compreendido, é que a privatização, seja ela qual for, acaba transferindo o controle de setores estratégicos e, é claro, lucrativos, para um grupo que, em quase na totalidade das situações, é estrangeiro.

Me canso de ouvir que isso não tem importância, pois o desenvolvimento trazido pela privatização nunca seria alcançado sem a privatização. Argumento, acredito eu, vazio, quando constatamos o tamanho desenvolvimento alcançado pela Petrobrás simplesmente abrindo seu capital, transformando-se em uma empresa de economia mista.

Hoje li um artigo, que posto abaixo, que trata dessa questão em âmbito internacional, relatando como se deu inicio a esse modelo e como teve grande apoio do império americano dentro de suas fronteiras, e por imposição a países economicamente fragilizados através de suas alianças e instituições sobre seu controle, como o FMI, fora delas.

Acredito que este artigo reforça meus argumentos, pois mostra como o governo americano concentrou os pontos estratégicos da nação norte americana na mãos de poucos, montando um sistema em que a riqueza produzida fosse controlada por parcela ínfima da população e os mais pobres recebessem apenas migalhas.

O que não se percebe aqui no Brasil, é que o sistema de privatizações adotado nos anos 90, além de reproduzir a concentração dos benefícios, acabou concentrando nas mãos de uma elite estrangeira, internacional, devido as ligações dos comandantes do poder daquela década com o setor econômico e financeiro internacional. No meu entendimento, um crime contra a nação. Um verdadeiro golpe da elite no povão.

Do Blog Engajarte:

Privatizações, a Pirataria Neoliberal

A privatização das estatais atingiram plenamente seus objetivos, há que se pensar em estratégia político econômica na sua gênese, concentrou propriedade, concentrou benefícios, distribuiu custos pela sociedade, isto é resultado de uma orientação política clara, com 100% de resultados atingidos.

Os políticos ou forças políticas da privatização tinham objetivos claros, nem podia ser diferente, e a situação atual reflete perfeitamente a diretriz e o êxito do programa.

Se alguém na época da privatização tinha outra expectativa, foi ingênuo, pois tudo isto foi alertado naquele momento.

O movimento iniciou nos governos Regan/Tacher, governos altamente conservadores, da direita dura, sua baliza era a tal da estratégia “pingadeira”, concentrar todos os benefícios na elite econômica, isenção de impostos, desregulamentação, privatização, e assim a concentração produziria excedentes financeiro que seriam reinvestidos gerando mais riqueza e lá no final pingaria alguma coisa para os setores mais baixos da sociedade.

O que resultou, óbvio, foi a super concentração de renda, mesmo nos EUA, país de vasta classe média, mudou a composição social, parecendo cada vez mais com um país de 3ºmundo, com concentração de riqueza e uma massa de pobres.

Este modelo foi forçado pelos EUA a todos os países que ele tinha influência, seja diretamente seja via FMI e Banco Mundial, principalmente depois do desaparecimento a União Soviética, pois, colocaram-se agressivamente disseminando um modelo único, na esteira do vácuo político ideológico que se seguiu ao fim da URSS.

A estratégia era assim, política, não de fundo “econômico”, e o que menos importava era a legalidade ou transparência, pois um processo de transferência de bens públicos para escolhidos privados, jamais poderia ser aberto, e assim foi em todos os países submetidos, desde Rússia oligarca até a Argentina Menemista.

Foi o maior processo de transferência de riqueza da história da humanidade, o que aconteceu no Brasil foi a mesma coisa, de vez em quando aparece alguma ponta obscura deste processo criminoso, e a sociedade Serra/Dantas na Flórida é isto.”

Do Blog Tijolaço.com, de Brizola Neto.

Ah, quer dizer que emigar pra cá, vale?

junho 9th, 2010 às 7:27

Por indicação de um leitor, tomei conhecimento do texto publicado no JB por Mauro Santayana, que reproduzo, estarrecido, para vocês. Leiam, e eu comento a seguir:

Tendo assumido o controle da Coelba, a companhia baiana de eletricidade, durante o governo FHC, a empresa espanhola Iberdrola está oferecendo aos desempregados da província de Castellon, na Espanha, contratos para a execução do programa Luz para Todos, no interior da Bahia. É nisso que deu a “privatização”: se o ministro Lupi nisso concordar, teremos o dinheiro público usado para combater o desemprego na Espanha. Se não há eletricistas no mercado, bastam dois meses para formá-los, como sabem os técnicos do setor.
Seria um contrassenso oferecer emprego aos espanhóis, quando brasileiros são ali tratados pela polícia como facínoras, os homens; e como prostitutas, as nossas filhas, esposas, namoradas e irmãs. Um país que se respeita exige que seus cidadãos sejam respeitados. Não podemos tratar os espanhóis com a mesma violência e desprezo, mas nem por isso devemos oferecer-lhes trabalho que falta aos brasileiros.

Confesso que, embora crível porque vem de um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, a informação parecia ser exagerada. Não é. Olhem a notícia que reproduzo ao lado do jornal Las Províncias.

Não tenho e abomino qualquer tipo de xenofobia. Venho de uma família de imigrantes, e creio que é provável que o próprio Santayana, pelo sobrenome, deva ter ascendência espanhola. Fizeram um dos grandes fluxos migratórios para cá se integraram perfeitamente à vida brasileira. Mas não estamos falando de pessoas que juntam seus coisas e vêm para cá espontaneamente. Estamos diante de um processo empresarial, onde há um recrutamento deliberado de mão de obra, que envolverá passagens, acomodação e que, pior, é um programa de emprego rotativo, onde não virão as famílias, mas apenas os trabalhadores para “temporadas” aqui.

São eletricistas de média e alta tensão, setores onde dizem que não há mão de obra qualificada aqui. Então, porque não importam instrutores, capazes de, em pouco tempo, formarem levas enormes de trabalhadores qualificados. Sairia mais barato que deslocá-los às centenas, não é? Não fazem porque, como o próprio jornal espanhol diz, a “destruição do emprego” por lá ronda a casa de 20%.

Atenção, como diz o Santayana, Ministro Carlos Lupi. Estão querendo fazer o programa “Luz para todos, pero empleo para nosotros”.

Aproveitando o assunto, é bom lembrar que a tal Iberdrola, empresa espanhola integrante do consórcio Guaraniana que arrematou a Coelba, era representada pelo, veja só, o marido de uma prima de José Serra,  Gregório Marín Preciado (o “Espanhol”), durante o período de privatização da companhia de energia baiana, e outras. Abaixo segue trecho do livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr., que você pode ler na íntegra aqui, que trata das ligações da alta cúpula tucana com o setor privado durante o período em que o Brasil foi vendido a preço de banana para o “mercado”:

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …

(…) 

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.

Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco).

Brasil, um país de todos, espanhóis, americanos, ingleses, portugueses… desde que forneçam algum pro bolso dos poderosos, é claro…

Do site: www.at.com.br

Vereador critica atração do Festival


Foto: Divulgação

O vereador Carlos Alberto Martins (PSDC) criticou a contratação pela Prefeitura de Amparo do cantor Lenine para se apresentar no 10.º Festival de Inverno de Amparo que terá início em julho. A critica do vereador foi feita na sessão realizada na terça-feira, dia 25 de maio. Segundo o vereador, o cantor seria um desconhecido. Na tribuna da Câmara Municipal, Carlos Alberto fundamentou pelo fato de nunca ter recebido em seu programa de Rádio pedido para tocar músicas do cantor Lenine. A Prefeitura de Amparo vai pagar pelo show do artista R$ 61.906,00. Carlos Alberto afirmou que a Prefeitura de Amparo, com a contratação, “jogou dinheiro no ralo e deu a descarga”. O vereador sugeriu a contratação de cantores mais populares e sugeriu as duplas: Rio Negro & Solimões e Bruno & Marone. O vereador Celso Manzoli (PMDB) também criticou a contratação do cantor e disse que o dinheiro gasto poderia ser pago a cantores de Amparo.  Lenine canta “Aquilo que Dá no Coração”, música de abertura da novela Passione, levada ao ar pela Rede Globo no horário das 21 horas.  

Quem é Lenine?  

Osvaldo Lenine Macedo Pimentel, conhecido apenas como Lenine, nasceu em Recife, no dia 2 de fevereiro de 1959) é um cantor, compositor, arranjador e músico brasileiro. Na internet, o site da Wikpedia fala o seguinte sobre o biografia do cantor: “Filho de um velho comunista e de uma católica praticante, criou-se porém uma espécie de détente na família. Até os 8 anos, os filhos eram obrigados a ir à missa com a mãe. Depois disso, ficavam por conta do pai: Marx era leitura obrigatória. Aos domingos, ouvia-se música de todo tipo – canções napolitanas, música alemã, música folclórica russa, Glenn Miller, Tchaikovsky, Chopin, Gil Evans, e mais tarde, Hermeto Pascoal e os tropicalistas. Foi para o Rio de Janeiro no final dos anos 1970, pois naquela época havia pouco espaço ou recursos para música em Recife. Morou com alguns amigos, compositores. Dividiram por algum tempo um apartamento na Urca, depois uma casinha numa vila em Botafogo, famosa por ter sido moradia de Macalé e Sônia Braga. Depois foram para Santa Teresa. Lenine teve seu som gravado por Elba Ramalho, sendo ela a primeira cantora de sucesso nacional a gravar uma música sua. Depois vieram Fernanda Abreu, O Rappa, Milton Nascimento, Maria Rita, Maria Bethânia e muitos outros. Produziu “Segundo” de Maria Rita, “De uns tempos pra cá” de Chico César, “Lonji” de Tcheka, cantor e compositor do Cabo Verde, e “Ponto Enredo” de Pedro Luis e a Parede. Trabalhou em televisão com os diretores Guel Arraes e Jorge Furtado. Para eles, fez a direção musical de “Caramuru, a Invenção do Brasil” que, depois de minissérie, virou um longa-metragem. Participou também da direção do musical de “Cambaio”, musical de João Falcão e Adriana Falcão, baseado em canções de Chico Buarque e Edu Lobo. Em 2005, Lenine ganhou dois prêmios Grammy Latino: um pelo melhor disco de música brasileira contemporânea e outro pela melhor canção brasileira”. 

Já vai tarde…

Há alguns dias assisti entrevista do Supremo Presidente do Supremo, Gilmar Mendes, produzida pelo STF e veiculada em parceria com o youtube. Uma excelente forma de “conversa” com a população que enviou e votou nas perguntas que seriam feitas a ele sem nenhuma interferência do youtube ou do STF, mas que se transformou numa verdadeira arapuca pro coronel. Como alguns políticos que usam o twitter pra falar, em vez de fazer, Gilmar Mendes achou que estaria tudo sob controle naquilo que seria um marco no modelo de comunicação da mais alta corte brasileira, mas ele não imaginou que, sem o filtro da censura imposta pelo poder econômico que seleciona o que e como serão discutidos os assuntos no monopólio midiático nacional, o povo, as pessoas comuns, o colocou na parede, deixando-o em posição acuada como nenhum meio de comunicação conseguiu deixá-lo durante seu reinado. É, o povo sabe o que faz. O povo sabe pensar, apesar da tentativa de imposição de idéias e opiniões emplacada pelo quarteto Globo/Veja/Folha/Estadão. Segue artigo de Leandro Fortes, do blog Brasília, eu vi, e o vídeo da entrevista, é claro.  

Divirtam-se:    

Saída pela direita.

 

“No fim das contas, a função primordial do ministro Gilmar Mendes à frente do Supremo Tribunal Federal foi a de produzir noticiário e manchetes para a falange conservadora que tomou conta de grande parte dos veículos de comunicação do Brasil. De forma premeditada e com muita astúcia, Mendes conseguiu fazer com que a velha mídia nacional gravitasse em torno dele, apenas com a promessa de intervir, como de fato interveio, nas ações de governo que ameaçavam a rotina, o conforto e as atividades empresariais da nossa elite colonial. Nesse aspecto, os dois habeas corpus concedidos ao banqueiro Daniel Dantas, flagrado no mesmo crime que manteve o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda no cárcere por 60 dias, foram nada mais que um cartão de visitas. Mais relevante do que tudo foi a capacidade de Gilmar Mendes fixar na pauta e nos editoriais da velha mídia a tese quase infantil da existência de um Estado policialesco levado a cabo pela Polícia Federal e, com isso, justificar, dali para frente, a mais temerária das gestões da Suprema Corte do País desde sua criação, há mais cem anos.  

Num prazo de pouco menos de dois anos, Mendes politizou as ações do Judiciário pelo viés da extrema direita, coisa que não se viu nem durante a ditadura militar (1964-1985), época em que a Justiça andava de joelhos, mas dela não se exigia protagonismo algum. Assim, alinhou-se o ministro tanto aos interesses dos latifundiários, aos quais defende sem pudor algum, como aos dos torturadores do regime dos generais, ao se posicionar publicamente contra a revisão da Lei da Anistia, de cuja à apreciação no STF ele se esquivou, herança deixada a céu aberto para o novo presidente do tribunal, ministro Cezar Peluso. Para Mendes, tal revisão poderá levar o País a uma convulsão social. É uma tese tão sólida como o conto da escuta telefônica, fábula jornalística que teve o presidente do STF como personagem principal a dialogar canduras com o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.  

A farsa do grampo, publicada pela revista Veja e repercutida, em série, por veículos co-irmãos, serviu para derrubar o delegado Paulo Lacerda do comando da PF, com o auxílio luxuoso do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se valeu de uma mentira para tal. E essa, não se enganem, foi a verdadeira missão a ser cumprida. Na aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá tempo para refletir e registrar essa história amarga em suas memórias: o dia em que, chamado “às falas” por Gilmar Mendes, não só se submeteu como aceitou mandar para o degredo, em Portugal, o melhor e mais importante diretor geral que a Polícia Federal brasileira já teve. O fez para fugir de um enfrentamento necessário e, por isso mesmo, aceitou ser derrotado. Aliás, creio, a única verdadeira derrota do governo Lula foi exatamente a de abrir mão da política de combate permanente à corrupção desencadeada por Lacerda na PF para satisfazer os interesses de grupos vinculados às vontades de Gilmar Mendes.  

O presidente do STF deu centenas de entrevistas sobre os mais diversos assuntos, sobretudo aqueles sobre os quais não poderia, como juiz, jamais se pronunciar fora dos autos. Essa é, inclusive, a mais grave distorção do sistema de escolha dos nomes ao STF, a de colocar não-juízes, como Mendes, na Suprema Corte, para julgar as grandes questões constitucionais da nação. Alheio ao cargo que ocupava (ou ciente até demais), o ministro versou sobre tudo e sobre todos. Deu força e fé pública a teses as mais conservadoras. Foi um arauto dos fazendeiros, dos banqueiros, da guarda pretoriana da ditadura militar e da velha mídia. Em troca, colheu farto material favorável a ele no noticiário, um relicário de elogios e textos laudatórios sobre sua luta contra o Estado policial, os juízes de primeira instância, o Ministério Público e os movimentos sociais, entre outros moinhos de vento vendidos nos jornais como inimigos da democracia.  

Na imprensa nacional, apenas CartaCapital, por meio de duas reportagens (“O empresário Gilmar” e Nos rincões de Mendes”), teve coragem de se contrapor ao culto à personalidade de Mendes instalado nas redações brasileiras como regra de jornalismo. Por essa razão, somos, eu e a revista, processados pelo ministro. Acusa-nos, o magistrado, de má fé ao divulgar os dados contábeis do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma academia de cursinhos jurídicos da qual Mendes é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, sobre terreno público praticamente doado pelo ex-governador do DF Joaquim Roriz e mantido às custas de contratos milionários fechados, sem licitação, com órgãos da União.  

Assim, a figura de Gilmar Mendes, além de tudo, está inserida eternamente em um dos piores momentos do jornalismo brasileiro. E não apenas por ter sido o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão, mas, antes de tudo, por ter dado enorme visibilidade a maus jornalistas e, pior ainda, fazer deles, em algum momento, um exemplo servil de comportamento a ser seguido como condição primordial de crescimento na carreira. Foi dessa simbiose fatal que nasceu não apenas a farsa do grampo, mas toda a estrutura de comunicação e de relação com a imprensa do STF, no sombrio período da Idade Mendes.  

Emblemática sobre essa relação foi uma nota do informe digital “Jornalistas & Companhia”, de abril de 2009, sobre o aniversário do publicitário Renato Parente, assessor de imprensa de Gilmar Mendes no STF (os grifos são originais):   

“A festa de aniversário de 45 anos de Renato Parente, chefe do Serviço de Imprensa do STF (e que teve um papel importante na construção da TV Justiça, apontada como paradigma na área da tevê pública), realizada na tarde do último domingo (19/4), em Brasília, mostrou a importância que o Judiciário tem hoje no cenário nacional. Estiveram presentes, entre outros, a diretora da Globo, Sílvia Faria, a colunista Mônica Bergamo, e o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, entre outros.”  

Olha, quando festa de aniversário de assessor de imprensa serve para mostrar a importância do Poder Judiciário, é sinal de que há algo muito errado com a instituição. Essa relação de Renato Parente com celebridades da mídia é, em todos os sentidos, o pior sintoma da doença incestuosa que obriga jornalistas de boa e má reputação a se misturarem, em Brasília, em cerimônias de beija-mão de caráter duvidoso. Foi, como se sabe, um convescote de sintonia editorial. Renato Parente é o chefe da assessoria que, em março de 2009, em nome de Gilmar Mendes, chamou o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), às falas, para que um debate da TV Câmara fosse retirado do ar e da internet. Motivo: eu critiquei o posicionamento do presidente do STF sobre a Operação Satiagraha e fiz justiça ao trabalho do delegado federal Protógenes Queiroz, além de citar a coragem do juiz Fausto De Sanctis ao mandar prender, por duas vezes, o banqueiro Daniel Dantas.      

Certamente em consonância com o “paradigma na área de tevê pública” da TV Justiça tocada por Renato Parente, a censura na Câmara foi feita com a conivência de um jornalista, Beto Seabra, diretor da TV Câmara, que ainda foi mais além: anunciou que as pautas do programa “Comitê de Imprensa”, a partir dali, seriam monitoradas. Um vexame total. Denunciei em carta aberta aos jornalistas e em todas as instâncias corporativas (sindicatos, Fenaj e ABI) o ato de censura e, com a ajuda de diversos blogs, consegui expor aquela infâmia, até que, cobrada publicamente, a TV Câmara foi obrigada a capitular e recolocar o programa no ar, ao menos na internet. Foi uma das grandes vitórias da blogosfera, até então, haja vista nem um único jornal, rádio ou emissora de tevê, mesmo diante de um gravíssimo caso de censura e restrição de liberdade de expressão e imprensa, ter tido coragem de tratar do assunto. No particular, no entanto, recebi centenas de e-mails e telefonemas de solidariedade de jornalistas de todo o país.      

Não deixa de ser irônico que, às vésperas de deixar a presidência do STF, Gilmar Mendes tenha sido obrigado, na certa, inadvertidamente, a se submeter ao constrangimento de ver sua gestão resumida ao caso Daniel Dantas, durante entrevista no youtube. Como foi administrada pelo Google, e não pelo paradigma da TV Justiça, a sabatina acabou por destruir o resto de estratégia ainda imaginada por Mendes para tentar passar à história como o salvador da pátria ameaçada pelo Estado policial da PF. Ninguém sequer tocou nesse assunto, diga-se de passagem. As pessoas só queriam saber dos HCs a Daniel Dantas, do descrédito do Judiciário e da atuação dele e da família na política de Diamantino, terra natal dos Mendes, em Mato Grosso. Como último recurso, a assessoria do ministro ainda tentou tirar o vídeo de circulação, ao menos no site do STF, dentro do sofisticado e democrático paradigma de tevê pública bolado por Renato Parente.      

Como derradeiro esforço, nos últimos dias de reinado, Mendes dedicou-se a dar entrevistas para tentar, ainda como estratégia, vincular o próprio nome aos bons resultados obtidos por ações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), embora o mérito sequer tenha sido dele, mas de um juiz de carreira, Gilson Dipp. Ministro do Superior Tribunal de Justiça e corregedor do órgão, Dipp foi nomeado para o cargo pelo presidente Lula, longe da vontade de Gilmar Mendes. Graças ao ministro do STJ, foi feita a maior e mais importante devassa nos tribunais de Justiça do Brasil, até então antros estaduais intocáveis comandados, em muitos casos, por verdadeiras quadrilhas de toga.      

É de Gilson Dipp, portanto, e não de Gilmar Mendes, o verdadeiro registro moralizador do Judiciário desse período, a Idade Mendes, de resto, de triste memória nacional.      

Mas que, felizmente, se encerra hoje.”